INTRODUÇÃO
Nessa penúltima lição do
trimestre, estudaremos sobre dois tipos de pecados descritos na epístola
de Tiago: o de omissão, que consiste em deixar de fazer o que é bom e
correto; e o de opressão, que trata-se de uma atitude injusta e cruel
dos ricos sobre os pobres. Veremos, então, a definição de cada um desses
pecados; citaremos alguns exemplos bíblicos; e estudaremos o ensino do
apóstolo Tiago acerca da opressão dos ricos sobre os pobres.
I – DEFINIÇÕES DOS PECADOS DE OMISSÃO E DE PRESSÃO
1.1 Pecados de Omissão. Consiste
em deixar de fazer o bem. Aquele que conhece a vontade de Deus e não
obedece torna-se ainda mais transgressor do que aquele que não conhece
(Mt 24.45-51; Lc 12.35-48; II Pe 2.21).
1.3 Pecados de Opressão. No
contexto da carta do apóstolo Tiago, trata-se da opressão econômica dos
ricos sobre os mais pobres. Desde o AT que o Senhor condenou esta
prática (Is 3.15; Jr 5.26,27; Am 5.10-12). Este foi um dos principais
temas da epístola de Tiago (Tg 1.10; 2.16; 5.1-6).
II – O PECADO DE OMISSÃO
Depois de ensinar a igreja
sobre a maledicência e a soberania de Deus (Tg 4.11-16), o apóstolo
Tiago conclui seu ensino dizendo: “Aquele, pois, que sabe fazer o bem e o não faz comete pecado” (Tg
4.17). Como é comum em sua epístola, Tiago, mais uma vez aborda a
responsabilidade de unir a teoria e a prática (Tg 1.22-27; 2.12,14-17;
3.13). Neste caso, significa saber e fazer o bem. Caso contrário,
torna-se em pecado de omissão. Vejamos alguns exemplos:
- O servo que soube a vontade do seu senhor e não fez (Mt 24.45-51);
- O levita e o sacerdote da parábola do Bom samaritano (Lc 10.25-37);
- O rico que vestia-se de púrpura e linho finíssimo e não socorreu o mendigo Lázaro (Lc 16.19-31);
- Os ricos, que, em vez de ajudar, oprimem os mais pobres (Tg 5.1-6).
Além desses exemplos,
podemos citar ainda os pecados que são decorrentes da opressão dos ricos
sobre os pobres (tema que estudaremos a seguir), pois, muitas vezes,
além de enriquecerem ilicitamente explorando os menos favorecidos,
muitos ricos tornam-se omissos, deixando de fazer o bem. Quantos
benefícios eles poderiam ter feito aos mais pobres, se não fossem
opressores e desonestos?
- Os pobres poderiam ter sido assistidos (Êx 23.11; Lv 19.10; Dt 15.4,7-11; Sl 132.15);
- O estrangeiro, o órfão e as viúvas poderiam ter sido atendidos em suas necessidades (Êx 22.22; Dt 10.18; 14.29);
- O salário dos trabalhadores sendo pagos de maneira justa, lhes dariam melhor qualidade devida (Dt 24.14,15).
III – O PECADO DE OPRESSÃO
Em Tg 5.1-6 o apóstolo Tiago
traz uma séria advertência contra as riquezas adquiridas de forma
desonesta, à custa do sofrimento dos mais pobres, bem como da riqueza
acumulada sem qualquer função social ou beneficente. Embora ele já tenha
falado acerca desse assunto anteriormente (Tg 1.10,11), dessa vez ele é
mais contundente. Porém, devemos deixar bem claro nesta lição que não se trata da condenação da riqueza, e sim, da forma que ela foi adquirida, como veremos a seguir:
3.1 “Eia agora, vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir” (Tg 5.1). A expressão “Eia agora” também
usada em (Tg 4.13) tem o sentido de “prestem atenção”. O apóstolo chama
a atenção dos ouvintes para o que haveria de lhes dizer. Quanto aos
ricos, devemos entender que a Bíblia não condena a riqueza, desde que
ela seja adquirida como fruto da bênção de Deus e do trabalho honrado
(Sl 112; Pv 10.4; Ec 2.24; 5.3.13,18,19; Mt 5.45). O que a Bíblia
condena é o amor do dinheiro, “que é a raiz de toda espécie de males” (I
Tm 6.10), bem como as riquezas adquiridas por meios e para propósitos
ilícitos (Am 2.6; Is 5.8). Por isso, Tiago diz que os ricos deveriam
chorar e prantear, que traz a ideia de “chorar em voz alta” pelas suas
misérias e pelo que lhes sobreviriam, o que significa dizer que o juízo
divino era inevitável (Jó 20.15-19; Is 13.6; 14.31; 15.3; Jl 1.5; Ap
6.15,16). Por isso, não devemos ter esperança na incerteza das
riquezas: “… se as vossas riquezas aumentarem, não ponhais nelas o coração”(SI 62.10). O apóstolo Paulo diz:“Manda
aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a sua esperança
na incerteza das riquezas, mas em Deus, que nos concede abundantemente
todas as coisas para delas gozarmos”(I Tm 6.17).
3.2 “As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas da traça” (Tg 5.2). Nesse
texto, Tiago advertiu os ricos opressores sobre o presente julgamento:
as riquezas sendo devoradas. O apóstolo especifica dois tipos de
riquezas comuns nos tempos bíblicos: os grãos (Dt 28.8; Pv 3.10; Lc
12.18) e as vestes (Gn 45.22; Jz 14.12; Lc 16.19). O apóstolo diz que os
grãos e cereais estão apodrecidos. O termo grego é “sesepen” que
tem o sentido de “podre”, “corrompido” ou “corrupto”. Quanto as vestes,
Tiago diz que estão roídas pelas traças. Embora elas pareçam
esplêndidas diante dos homens, elas são perecíveis e se estragam
facilmente (Mt 6.19). Em outras palavras, o que o apóstolo diz é que as
riquezas ilícitas dos ímpios opressores que foram entesouradas
ilicitamente, não têm valor algum diante de Deus, e que elas não
poderiam livrar-lhes da ira divina (Pv 10.2; 11.4; Ap 6.15). Isto nos
ensina que as riquezas mal adquiridas acarretam no inevitável julgamento
de Deus (Tg 5.1,3,5).
3.3 “O vosso ouro e a vossa
prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós e
comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias”(Tg 5.3). Todos
nós sabemos que a ferrugem não pode corromper a prata e o ouro. Logo, o
sentido não é literal, e sim, figurado, e tem o sentido de algo que é
perecível e inútil do ponto de vista divino ou espiritual. Em outras
palavras, Tiago diz que até mesmo aqueles objetos que parecem ser
indestrutíveis e de grande valor para os homens, estão condenados a
decadência e destruição, ou seja, são inúteis diante do justo juiz (Sl
7.11; 119.137; Jr 11.20; Ap 16.7). Também, figuradamente, Tiago diz que a
ferrugem dará testemunho contra os ricos, e que ela comerá as suas
carnes, ou seja, as riquezas acumuladas ilicitamente, através da
opressão aos pobres serão lembradas no Dia do Juízo. Por isso, ele diz: “…Entesourastes para os últimos dias”.Deus julgará os homens segundo as suas obras (Mt 16.27; Rm 2.6; Ap 2.23; 20.12).
3.4 “Eis que o salário dos
trabalhadores que ceifaram as vossas terras e que por vós foi diminuído
clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor
dos Exércitos” (Tg 5.4). A figura utilizada nesse texto é a
mesma de (Gn 4.10) onde o sangue de Abel “clamava” a Deus por vingança.
Nesse texto, quem está “clamando” é o salário dos trabalhadores que foi
diminuído de forma ilícita e desonesta. Diversas vezes Deus advertiu o
seu povo quanto ao digno tratamento dos trabalhadores, bem como o perigo
das injustiças sociais (Lv 19.13; Dt 24.14,15; Pv 22.16,22; Jr 22.13;
Ml 3.5; Lc 3.14). A Palavra de Deus ensina que o trabalhador é digno
de seu salário (Lc 10.7; I Tm 5.18). Quanto aos clamores dos ceifeiros, o
apóstolo faz referência a súplica dos trabalhadores oprimidos, que
clamam a Deus por justiça por não receberem o salário combinado pelos
senhores (Êx 22.26,27). Tiago adverte aos ricos que tanto o “clamor” do
salário dos trabalhadores como dos pobres estavam chegando a presença de
Deus (Êx 3.7; Sl 12.5).
3.5“Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos deleitastes, e cevastes o vosso coração, como num dia de matança” (Tg 5.5). Este
texto nos ensina que devemos tomar cuidado, não apenas com a forma de
adquirirmos os nossos bens; mas, também, como devemos gastá-lo. O
apóstolo Tiago condena os ricos que, além de defraudar os pobres, viviam
regaladamente desfrutando do dinheiro que eles haviam roubado dos
pobres. Eles estavam vivendo na luxúria enquanto os pobres estavam sendo
explorados e vivendo na miséria! Jesus falou acerca desse assunto
quando citou o exemplo de um rico insensato que, apesar de ter os seus
celeiros transbordando, não repartia com ninguém (Lc 12.13-21). Quanto a
expressão “dia de matança” ela foi extraída de Jeremias (12.3) e faz referência ao Dia da Ira divina (Ap 17.16; 19.17,18) ou ao Juízo Final (Ap 20.11-15).
3.6 “Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu” (Tg 5.6). O
justo, nesse texto, refere-se aos pobres que trabalhavam nos campos dos
ricos, e eram explorados por eles; e, quando tinham dívidas e não
podiam pagar, eram levados aos tribunais (Tg 2.6). Os pobres não puderam
resistir ao poderio econômico dos ricos, pois, além dos processos
civis, que resultavam em maus tratos e prisões, também ocorriam mortes!
Desde os tempos do Antigo Testamento que havia injustiça por parte dos
mais ricos, e, muitas vezes, em consequência dessas práticas injustas e
cruéis Deus lhes transmitia mensagens de juízo, por intermédio dos
profetas (Is 1.21-25; Jr 17.11; Am 4.1-3; 5.11-13; Mq 2.1-5; Hc 2.6-8;
Zc 7.8-14). Por isso, o apóstolo Tiago não poderia deixar de combater
este grave pecado. Em resumo, ele diz que as riquezas mal usadas irão
desvanecer (Tg 5.2,3a); Em segundo lugar, as riquezas mal usadas
destroem o caráter (Tg 5.3); E, em terceiro lugar, as riquezas mal
usadas acarretam no inevitável julgamento de Deus (Tg 5.1,3,5).
CONCLUSÃO
Neste mundo, onde há tantos
ricos quanto pobres, frequentemente os que têm maior abastança tiram
proveito dos que nada tem, explorando-os para que os seus lucros
aumentem continuamente. Por isso, o apóstolo Tiago advertiu aos ricos
quanto ao perigo de explorar os pobres e adquirir riquezas ilicitamente.
Embora os pecados de omissão e opressão sejam cada vez mais comuns em
nossos dias, eles jamais devem ocorrer no meio do povo de Deus.
REFERÊNCIASBíblia de Estudo Palavras Chave.CPAD.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
LOPES, Hernandes Dias. Tiago – transformando provas em triunfo. HAGNOS.
STAMPS, Donald C.Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Tiago, nosso contemporâneo. JUERP.
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