INTRODUÇÃO
A lição do primeiro trimestre de 2015 tem como título: A Lei de Deus – Valores imutáveis para uma sociedade em constante mudança, onde teremos a oportunidade de estudar treze lições baseadas nos Dez Mandamentos. Nesta primeira lição, definiremos a palavra Decálogo usada acerca dos Dez Mandamentos; destacaremos algumas características da Lei que a faz mais sublime que qualquer outra legislação; e, por fim, veremos cada mandamento e a sua devida explicação e aplicação tanto no Antigo quanto no Novo Testamento.
I – O DECÁLOGO: OS DEZ MANDAMENTOS
Essa palavra vem do grego “deka” dez e “logos” palavra, ou seja, “dez palavras”. “Esse é um titulo usado para indicar os Dez Mandamentos. Esses mandamentos, dados por Deus a Moisés, no monte Sinai, tornaram-se a base da legislação levítica. Uma das mais duradouras legislações de todos os tempos. Em sua forma mais familiar, esses mandamentos acham-se em Êxodo 20:2-17. O decálogo é mais que um código de leis. Antes, é a base do pacto teocrático (governo de Deus) que separou o povo de Israel como um veículo do favor divino, como um elemento através do qual a mensagem espiritual haveria de ser transmitida. Os inúmeros preceitos que aparecem em seguida, governando cada aspecto da vida diária, ensinam-nos que Deus está atento a todos os aspectos da nossa vida. Esse elaborado sistema tinha o intuito de governar a vida física dos israelitas, mas também tinha funções educativas. O próprio decálogo estabelece alguns princípios perfeitamente éticos, cuja aplicação pode ser vasta e abrangente” (CHAMPLIN, 2004, pp. 25,125 – acréscimo nosso).
II – CARACTERÍSTICAS DA LEI
2.1 Origem divina (Êx 20.1). Embora muitas vezes a Lei do Senhor dada através de Moisés seja chamada de Lei de Moisés (Js 8.31; I Rs 2.3; Ed 7.6; Lc 2.22;24.44; I Co 9.9); o registro do capítulo 20 do livro do Êxodo nos mostra que Deus é a origem da Lei. “Durante todas as negociações entre israelitas e egípcios, quando os primeiros eram escravos dos últimos, o papel de Moisés era, antes de mais nada, o de mediador. Deus não falou com Faraó, mas mandou Moisés lhe falar. Ele continuou nesse papel durante a Páscoa “Falai a toda a congregação de Israel” (Êx 12.3) e o êxodo “Fala aos filhos de Israel” (Êx 14.2). No Sinai, sua função continuava sendo a de transmitir a palavra de Deus ao povo “Estas são as palavras que falarás aos filhos de Israel” (Êx 19.6). Por outro lado, na revelação do Decálogo esse aspecto foi omitido. Moisés ouviu juntamente com o povo, ao qual Deus falou de modo direto (Êx 20.1). Essa é uma forma de a Bíblia nos dizer que, quando lemos o Decálogo, estamos frente a frente com a excelência da vontade de Deus para seus seguidores, no que diz respeito a estilo de vida e compromisso moral. Observe a sequência aos Dez Mandamentos: “eu falei convosco desde os céus” (Êx 20.22), não do Sinai (HAMILTON, 2007, p. 215 – acréscimo e grifo nosso).
2.2 Princípios imutáveis (Êx 24.12). A Lei foi escrita em tábuas de pedra pelo próprio Deus. “Nos países orientais, a pedra simbolizava a perpetuidade da lei, ali contida. As tábuas de pedra estavam escritas em ambas as faces, indicando quão completa era aquela legislação. Subsequentemente, as tábuas de pedra foram guardadas no lugar sagrado do tabernáculo, salientando o ato e a importância da revelação divina” (CHAMPLIN, 2004, p. 125).
2.3 Objetivos definidos. Todo o povo precisa ter leis, e até as tribos mais primitivas contam com sua legislação, formal ou informal. Com o povo de Israel não podia ser diferente. Deus revelou sua Lei para os israelitas no Sinai (Êx 20.1,2). A Lei era necessária por pelos menos três motivos:
2.3.1 Proporcionar uma norma moral para os redimidos. A Lei revelava a vontade de Deus quanto a conduta do seu povo (Êx 19.4-6; 20.1-17) e prescrevia os sacrifícios de sangue para a expiação pelos seus pecados (Lv 1.5; 16.33). A Lei não foi dada como um meio de salvação para os perdidos. Ela foi destinada aos que já tinham um relacionamento de salvação com Deus (Êx 19.4; 20.2) a fim de instruí-lo na vontade do Senhor, para que pudesse realizar o propósito de Deus (Êx 19.6). Logo, a revelação foi dada “não para dar, mas para orientar a vida” (Lv 20.22,23).
2.3.2 Demonstrar a natureza e o caráter de Deus. A Lei expressava a natureza e o caráter de Deus, isto é, seu amor, bondade, justiça e repúdio ao mal, e sobretudo que o Deus de Israel é Santo (Lv 11.44,45; 19.2; 20.7,26; 21.8). A Bíblia denomina Deus de “santo” (Sl 99.3). Ele é chamado de o “Santo de Israel” no (Sl 89.18); e, no livro do profeta Isaías, aproximadamente trinta vezes (Is 1.4; 57.15). A santidade é uma característica da própria natureza de Deus, e não somente expressão de um procedimento santo. Ele mesmo diz: “Eu sou santo” (Lv 19.2; Sl 99.6,9; I Pe 1.16).
2.3.3 Mostrar à humanidade seu estado pecaminoso e revelar que só pela graça podemos ser salvos. O apóstolo Paulo disse que “nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm 3.20). Ela não fôra dada como um meio de se alcançar a salvação, mas “nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados” (Gl 3.24). A palavra grega traduzida por “aio” é “paidagõgos” que significa “instrutor”, “professor” e indica um escravo, cuja tarefa era cuidar de uma criança até que ela chegasse a idade adulta. A Lei serviu de aio para mostrar os nossos pecados e nos conduzir a Cristo (Gl 3.25).
III – OS DEZ MANDAMENTOS E SUA INTERPRETAÇÃO
Constituindo-se na essência do Pentateuco, o Decálogo é a mais perfeita das leis escritas. Vejamos na tabela abaixo quais os princípios morais dos Dez Mandamentos ensinados no AT e reafirmados no NT:
Nº MANDAMENTO E EXPLICAÇÃO PRINCÍPIO AFIRMAÇÃO NO AT REAFIRMAÇÃO NO NT
I
“Não terás outros deuses diante de mim”. Há um só Deus e só a ele havemos de oferecer culto. A adoração a anjos, a santos ou qualquer outra coisa é violação do primeiro mandamento.
A unicidade de Deus
Êx 20.3
At 14.15
II
“Não farás para ti imagem de escultura [...]”. Proíbe-se não somente a adoração de imagens ou de deuses falsos, mas também prestar culto ao verdadeiro Deus em forma errada. Ele é espírito e não tem forma (Jo 4.24).
A espiritualidade de Deus
Êx 20.4
I Jo 5.21
III
“Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão [...]”. Originalmente este mandamento se referia a não jurar pelo nome de Deus se o juramento fosse falso (Lv 19.12), mas se permitia jurar pelo seu nome se fosse verdadeiro (Dt 10.20). Contudo, Jesus proibiu terminantemente jurar pelas coisas sagradas (Mt 5.34-37). A simples palavra de um filho de Deus deve ser verdadeira, sem recorrer a juramentos (Tg 5.12).
A santidade de Deus
Êx 20.7
Tg 5.12
IV
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar”. Um dia da semana pertence a Deus. Reconhece-se a soberania de Deus guardando o dia de repouso, visto que esse dia nos lembra que Deus é o Criador a quem devemos culto e serviço. Todavia, o sábado judaico não é obrigatório para os cristãos, pois já não estamos sob o jugo da Lei (Rm 6.14).
A soberania de Deus
Êx 20.8
Não reafirmado
(At 15.28,29)
V
“Honra a teu pai e a tua mãe [...]”. O homem que não honra a seus pais tampouco honrará a Deus, pois esta é a base do respeito a toda a autoridade.
Respeito aos representantes de Deus
Êx 20.12
Ef 6.1
VI
“Não matarás”. Este mandamento proíbe o homicídio mas não a pena capital, visto que a própria lei estipulava a pena de morte. Também se permitia a guerra, visto como o soldado atua como agente do estado.
A vida humana é sagrada
Êx 20.13
I Jo 3.15
VII
“Não adulterarás”. Este mandamento protege o matrimônio por ser uma instituição sagrada instituída por Deus. Isto vigora tanto para o homem como para a mulher (Lv 20.10).
A família é sagrada
Êx 20.14
I Co 6.9-10
VIII
“Não furtarás”. Este mandamento diz respeito a roubo de bens e, provavelmente, a sequestros. O direito de propriedade é confirmado, e condena-se qualquer tentativa de se conseguir algo de forma ilícita.
Respeito a propriedade alheia
Êx 20.15
Ef 4.28
IX
“Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”. Este mandamento compreende qualquer conversa mal-intencionada, proposital ou não, que levante dúvidas sobre a integridade do caráter de alguém.
A justiça
Êx 20.16
Cl 3.9-10
X
“Não cobiçarás [...]”. A cobiça é o ponto de partida de muitos dos pecados contra Deus e contra os homens.
O controle dos desejos
Êx 20.17
Ef 5.3
CONCLUSÃO
Após a saída do Egito o povo de Israel recebeu no Sinai a Lei do Senhor a fim de andar de forma agradável ao seus olhos. Assim como Israel, Deus nos resgatou do cativeiro do pecado e nos presentou com a Sua Palavra a fim de guiarmos a nossa vida segundo a sua perspectiva. Os princípios morais do Decálogo são imutáveis, e, portanto servem tanto para Israel como para a Igreja.
REFERÊNCIAS
CHAMPLIN, R. N. Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia. HAGNOS.
HAMILTON, Victor P. Manual do Pentateuco. CPAD.
HOFF, Paul. O Pentateuco. VIDA.
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
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